2011

O GEA na XXVII Assembleia Geral da União Astronômica Internacional
( XXVII General Assembly IAU 2009 )

Fonte: Alfredo Martins, Angela Tresinari, Adolfo Stotz Neto, José Tadeu Pinheiro e Alexandre Amorim

A XXVII Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (IAU XXVII General Assembly 2009 ) foi realizada no Centro de Convenções SulAmérica, cidade do Rio de Janeiro, Brasil, no período de 03 – 14 de agosto de 2009. Por toda magnitude de ser o maior encontro associativo da comunidade astronômica internacional e de ter sido realizado em solo brasileiro, o GEA – Grupo de Estudos de Astronomia / Planetário UFSC, empreendeu seus esforços para estar lá representando seus associados. Um grande estímulo para este empreendimento foi o fato de nossa “Embaixadora”, já consolidada autoridade do GEA para assuntos internacionais, a associada Angela Tresinari, estar nesta altura residindo justo na cidade sede deste grandioso evento. Ela estabeleceu os contatos como o “National Organizing Committee” para solicitação de nossas credenciais de participação.

Neste sentido, o GEA, justificou sua conexão com a astronomia por seu histórico de longevidade na divulgação pública desta ciência e sua participação em eventos internacionais tais como visita ao telescópio brasileiro SOAR no Chile e a observação do Eclipse Solar Total de 1994 na companhia dos importantes astrônomos John Dobson (USA) e Attila Mizer (Hungria). Com aprovação manifestada pelo Committee em 2009/07/23 por seu membro Luiz Paulo Ribeiro Vaz / UFMG, foram expedidas as inscrições de nosso presidente Adolfo Stotz Neto, vice-presidente Alfredo Martins, o editor José Tadeu Pinheiro e associada Angela Tresinari.

A Assembleia Geral (AG) da IAU é organizada por seu Comitê Executivo, tendo nesta ocasião a presidência de Catherine J Cesarsky, astrofísica francesa. Esta AG contou com a presença de 2109 participantes registrados, de no mínimo 140 países , além de 80 membros da imprensa. Aproximadamente 6500 autores de trabalhos contribuíram para o programa científico. Nela, 889 novos membros individuais da IAU foram aprovados em sua Cerimônia de Encerramento, elevando o total para 10.147 membros ativos.

Na IAU 2003 GA, em Sydney, foi votada por unanimidade uma resolução declarando 2009 o Ano Internacional da Astronomia, marcando o 400º Aniversário da primeira observação astronômica através de um telescópio por Galileo Galilei. Neste contexto, atividades diárias foram realizadas nesta IAU 2009 AG do Rio de Janeiro para celebrar esta importante data da história da astronomia.

O plano decenal para o desenvolvimento global da astronomia chamado “O Plano Estratégico: Astronomia para o Mundo em Desenvolvimento” é visto como um sucessor do Ano Internacional da Astronomia 2009. A presidente cessante da IAU, Catherine Cesarsky, diz: “Os pontos altos da minha presidência foram os preparativos e o lançamento do Ano Internacional da Astronomia 2009. O Ano até agora superou todas as expectativas e tem sido uma experiência incrivelmente gratificante, que nunca esquecerei.”

Veja mais sobre esta IAU XXVII AG 2009 em:
https://www.iau.org/science/meetings/past/general_assemblies/811/
https://www.iau.org/static/resolutions/IAU2009_English.pdf

Os dois principais blocos de atividades desta AG foram as Votações de Propostas em Assembleia de seus membros e os Encontros Científicos, distribuídos em 6 Simpósios (Symposia), 16 Discussões Conjuntas (Joint Discussions) e 10 Seções Especiais (Special Sessions). Completam as atividades: Publicações, Concessão de Premiações, Relatórios de Atividades das Divisões e Grupos de Trabalho, Atividades Educacionais, Representação em Organizações Internacionais e Filiações.

Cinco resoluções foram aprovadas por votação na cerimônia de encerramento: O Plano Estratégico: Astronomia para o Mundo em Desenvolvimento; Constantes Astronômicas na Astronomia Fundamental; A Segunda Realização do Quadro de Referência Celestial Internacional; Apoio às Mulheres na Astronomia e Defesa do Céu Noturno e do Direito à Luz das Estrelas.

Outro evento histórico e um dos grandes destaques desta IAU 27ª GA foi a Special Session SpS9 – Marking the 400º Aniversary of Kepler’s “Astronomia Nova”. Publicado em 1.609, este manuscrito revolucionou a astronomia por sua determinação precisa da órbita de Marte na configuração elíptica, com o Sol em um dos focos. Este paradigma foi fundamental para a compreensão da mecânica do Sistema Solar e astronomia observacional. Ao todo, 11 brilhantes palestras deste tema estadiaram o fundamental legado de Johannes Kepler. E o GEA conferiu presencialmente este ápice da programação.

Saiba mais sobre Johannes Kepler no link abaixo:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Kepler

Nossa presença nas palestras também incluíram: ”Eta Carinae no contexto das mais massavas estrelas”, “O Plano Galático”, “Solar e Estelar Variabilidade (Betelgeuse)”, “Desenvolvimento em Astronomia”, “Astronomia Fundamental”, “A Estrela de Belém”, “Astronomia X Astrologia”, “Nuvens Moleculares”, “Abundância Química no Universo”, “Próximas Gerações de Instalações Astronômicas – Telescópios JWST, ELT, SKA, GMT, TMT”, entre outras.

Preenchendo a cidade do Rio de Janeiro com atmosfera de astronomia, muitos “Eventos Associados” a esta IAU 27ª GA foram programados. Sendo eles no estilo “Sidewalk Astronomy” , “Workshops”, “Tours” ou Sessão de Planetário, eles tiveram grande aceitação na esfera estudantil e público aficionado em geral. O GEA esteve presente no “The Public is the Star” onde uma tenda para promoção e popularização da astronomia foi montada no Largo da Carioca. O imageamento do Sol por telescópio com perguntas ao astrônomo foi uma das atrações mais cativante, além de grande participação estudantil em diversas estações de aprendizagem. Também imperdível foram nossos os dois Tours: 1º) ao Museu Nacional / UFRJ onde revisitamos o icônico Meteorito do Bendegó e a Sala dos Meteoritos onde está o fragmento do Meteorito Santa Catarina, o maior registrado em solo brasileiro. 2) ao MAST – Museu de Astronomia e Ciências Afim, com seus diversos espaços históricos e educacionais da astronomia brasileira, referência sempre lembrada por seu fundador e primeiro diretor, o notável astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão.

Num patamar mais profissional, o Planetário do Rio de Janeiro também agendou programação com astrônomos internacionais e amadores, estando lá o GEA presente para prestigiar nosso associado Alexandre Amorim, um dos eminentes palestrante deste importante evento, conforme segue o relato do autor:

“No dia 08 de agosto de 2009, foi realizado no Planetário do Rio de Janeiro, um duplo evento: 5º Workshop Internacional de Astronomia Cometária (V IWCA) e o 2º Simpósio de Cometas da LIADA (Liga IberoAmericana de Astronomia) sob a direção do astrônomo Daniel Green (EUA), editor do ICQ – International Comete Quarterly. Neste último programa, o associado do GEA (Grupo de Estudos de Astronomia), presidente do NEOA-JB (Núcleo de Estudos e Observações Astronômicas José Brasilício) e membro da REA (Rede de Astronomia Observacional), Alexandre Amorim, apresentou a palestra ‘A Seção de Cometas da REA – Seus 21 anos de atividades no Brasil’. Obs.: Destacou-se ali a sua grande contribuição observacional para a astronomia brasileira.

O Coordenador Geral desta Seção, Sr. Luiz Mansilla, relatou o trabalho que vem realizando e apontou a grande responsabilidade que tem o observador amador de cometas nestes novos tempos, onde o intercâmbio e a vinculação com os profissionais requerem um maior compromisso. Este evento contou com dezenas de participantes entre profissionais e amadores, incluindo os quatro associados do GEA, sendo a máxima audiência durante o período.”

Diferente da 26ª IAU AG 2006 realizada em Praga onde a polêmica reclassificação de Plutão repercute até hoje, as resoluções desta 27ª IAU AG 2009 no Rio de Janeiro não abalaram a comunidade astronômica. Além da aprovação de propostas administrativas, foram arbitrados valores de constantes cosmológicas e questões relativas à definição de exoplanetas. Naquela altura 350 estavam descobertos mas novos membros exponencialmente foram identificados alcançando a soma de milhares deles.

Naturalmente, a confraternização social dos participantes atendeu aos requisitos de networking e expansão dos horizontes desta maravilhosa ciência. Tivemos a oportunidade de parabenizar a presidente da AG Catherine Cesarsky e também de termos uma agradável conversa com o estimado astrônomo João Evangelista Steiner, infelizmente foi nosso último encontro visto ter deixado saudades no ano seguinte.

Uma atração à parte no coquetel da cerimônia de abertura desta AG foi a extraordinária maquete do espetacular Extremely Large Telescope – ELT – o maior telescópio óptico do mundo, com previsão de conclusão em 2028. Por sua capacidade revolucionadora, uma postagem com crédito da ESO está publicada ao final deste blog.

Importante registrar que esta IAU 27ª GA foi realizada nos moldes tradicionais. Tanto seus “Information Bulletin”, “Program Book” bem como o “Abstract Book”, foram disponibilizados no modo impresso. Já agora, na histórica IAU XXXII AG 2024, realizada em agosto na Cidade do Cabo, África, o formato digital foi adotado. Todas as informações ficaram disponíveis em seu site e os eventos foram transmitidos via internet, acessível para qualquer interessado. Com certeza uma inovação digna dos maiores elogios por sua universalização dos conhecimentos de ponta da astronomia e este deverá ser o novo paradigma das IAU General Assembly.

Assim sendo, o GEA escreveu mais uma magnífica página que engrandeceu o seu histórico de associação amadora responsável e prodígia, capacitada em experiências e conteúdo para a divulgação pública da astronomia.

MEMÓRIA VISUAL

IAU XXVII GENERAL ASSEMBLY 2009

400o ANIVERSÁRIO KEPLER Astronomia Nova

III SIMPÓSIO DE COMETAS DA LIADA

EXTREMELY LARGE TELESCOPE – ELT

O PÚBLICO É A ESTRELA

O GEA NA XXVII GA IAU

TOUR MUSEU NACIONAL

TOUR MAST

TOUR PLANETÁRIO DO RIO DE JANEIRO

TOUR SOCIAL

ELT – THE EXTREMELY LARGE TELESCOPE

Como tecnologia por trás
do maior telescópio do mundo está revolucionando a ciência

No alto de uma montanha, no árido Deserto do Atacama, no Chile, o Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) está construindo o maior telescópio óptico do mundo.

Eles não perderam muito tempo escolhendo um nome — será chamado Telescópio Extremamente Grande (ELT, na sigla em inglês).

Por outro lado, uma enorme energia foi investida no design e na construção do “maior olho do mundo no céu”, que deve começar a coletar imagens em 2028 — e provavelmente vai ampliar nossa compreensão do Universo.

Nada disso seria possível sem alguns dos espelhos mais avançados já fabricados.

Elise Vernet, especialista em óptica adaptativa no ESO, está supervisionando o desenvolvimento dos cinco espelhos gigantes que vão captar e canalizar luz para o equipamento de medição do telescópio.

Cada um dos espelhos personalizados do ELT é uma façanha de design óptico.
Vernet descreve o espelho convexo M2, de 4,25 metros, como “uma obra de arte”.
Mas talvez os espelhos M1 e M4 expressem melhor o nível de complexidade e precisão necessários.

O espelho primário, o M1, é o maior espelho já fabricado para um telescópio óptico.
“Ele tem 39 metros de diâmetro, e é composto por [798] segmentos de espelho hexagonais, alinhados para que se comporte como um espelho monolítico perfeito”, explica Vernet.

O M1 vai captar 100 milhões de vezes mais luz do que o olho humano — e deve ser capaz de manter sua posição e forma com um nível de precisão 10 mil vezes mais refinado que um fio de cabelo humano.

ESPELHOS ESPECIAIS

O M4 é o maior espelho deformável já fabricado — e será capaz de mudar de forma 1.000 vezes por segundo para corrigir a turbulência atmosférica e as vibrações do próprio telescópio que poderiam distorcer as imagens.

Sua superfície flexível é composta por seis pétalas de um material vitrocerâmico com menos de 2 mm de espessura.

As pétalas foram fabricadas pela Schott em Mainz, na Alemanha, e enviadas para a empresa de engenharia Safran Reosc, nos arredores de Paris, onde foram polidas e montadas para formar o espelho completo.

Todos os cinco espelhos estão quase prontos e, em breve, vão ser transportados para o Chile, onde vão ser instalados.

Enquanto estes espelhos enormes serão usados ​​para capturar a luz do cosmos, cientistas do Instituto Max Planck de Óptica Quântica, em Garching, na Alemanha, criaram um espelho quântico para operar nas menores escalas que se possa imaginar.

Em 2020, uma equipe de pesquisa foi capaz de fazer uma única camada de 200 átomos alinhados se comportarem coletivamente para refletir a luz, criando efetivamente um espelho tão pequeno que não pode ser visto a olho nu.

Em 2023, eles conseguiram colocar um único átomo controlado microscopicamente no
centro da matriz para criar um “interruptor quântico”, que pode ser usado para controlar se os átomos são transparentes ou refletores.

“O que os teóricos previram, e nós observamos experimentalmente, é que nestas estruturas ordenadas, uma vez que você absorve um fóton, e ele é reemitido, na verdade se emite [em uma direção previsível], e é isso que o torna um espelho”, diz Pascal Weckesser, pesquisador de pós-doutorado do instituto.

Esta capacidade de controlar a direção da luz refletida pelo átomo pode ter aplicações futuras em diversas tecnologias quânticas — como, por exemplo, redes quânticas à prova de hackers para armazenar e transmitir informações.

Mais ao noroeste, em Oberkochen, perto de Stuttgart, na Alemanha, a Zeiss está fabricando espelhos com outra propriedade excepcional.

A empresa de óptica passou anos desenvolvendo um espelho ultra plano que se tornou um componente essencial nas máquinas que imprimem chips de computador, chamadas máquinas de litografia por ultravioleta extremo (EUV, na sigla em inglês).

A empresa holandesa ASML é líder mundial na fabricação de EUV, e os espelhos da Zeiss são um componente vital destes sistemas.

Os espelhos da Zeiss de EUV são capazes de refletir luz em comprimentos de onda muito pequenos, o que permite uma nitidez de imagem em uma escala diminuta, de modo que cada vez mais transistores podem ser impressos na mesma área do wafer (placa) de silício.

Para explicar o quão planos os espelhos são, Frank Rohmund, presidente do departamento de fabricação de semicondutores da Zeiss, recorre a uma analogia topográfica.

“Se você pegasse um espelho doméstico, e o ampliasse para o tamanho da Alemanha, o ponto de elevação mais alto seria 5m. Em um espelho espacial [como no Telescópio Espacial James Webb], seria 2cm. Em um espelho EUV, seria 0,1 mm”, compara.

Esta superfície de espelho ultra suave, combinada com sistemas que controlam o posicionamento do espelho, também fabricados pela Zeiss, proporcionam um nível de precisão equivalente a refletir a luz de um espelho EUV na superfície da Terra — e identificar uma bola de golfe na Lua.

Embora estes espelhos já possam parecer excepcionais, a Zeiss tem planos de aprimorá-los, para ajudar a fabricar chips de computador ainda mais potentes.

“Temos a ideia de desenvolver ainda mais o EUV. Até 2030, a meta é ter um microchip com um trilhão de transistores. Hoje, estamos talvez em cem bilhões.”

Esta meta ficou mais próxima com a mais recente tecnologia da Zeiss, que permite a impressão de cerca de três vezes mais estruturas na mesma área do que a atual geração de máquinas de fabricação de chips.

“A indústria de semicondutores tem esse roteiro forte e dominante, que oferece um ritmo para todos os participantes que contribuem para a solução. Com isso, somos capazes de fornecer avanços na fabricação de microchips, que hoje permitem coisas como inteligência artificial, que eram impensáveis ​​até dez anos atrás”, diz Rohmund.

Ainda não se sabe o que a humanidade vai ser capaz de criar em dez anos — mas os espelhos, sem dúvida, vão estar no cerne das tecnologias que vão nos fazer chegar até lá.

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