Fonte: Alfredo Martins
Grandes pensadores, historiadores, acadêmicos e poetas dedicaram sua atenção para a importância da memória cultural e histórica. A memória é um objeto caro à História para compreensão dos eventos e ações humanas no seu tempo histórico. Muitas celebrações aconteceram e irão se perpetuar em torno de um acontecimento memorável que foi registrado na escrita. Este armazenamento de informações permite o levantamento dos eventos bem como reexaminar palavras, frases, bem como atitudes, práticas e suas consequências. Sem dúvidas, a memória é um relevante esteio do destino das civilizações.
Para consolidar a significância e transcendência da Memória Histórica e dar sentido ao conteúdo deste website, dedicado principalmente à memória do GEA – Grupo de Estudos de Astronomia / Planetário UFSC, seguem algumas citações sobre este tema, finalizando com a belíssima poesia de Adélia Prado, trazendo o imprescindível lado da memória afetiva.
§ Um povo que preserva sua história, sua memória e seus habitantes está possibilitando diretamente a construção de um futuro para com sua gente e sua cultura. E por mais que estejamos em outro tempo (com a tecnologia de ponta, as novas mídias, a internet, era digital, etc.), um povo se torna “rico” mantendo seus traços e requintes culturais dos seus antepassados, fazendo um encontro do velho com o novo, do erudito com o popular, do local/ regional com o nacional, da literatura com os causos regionalistas, do simples com o complexo. Joelson Ramalho Rolim.
§ Ele ainda era demasiado jovem para saber que a memória do coração elimina as coisas más e amplia as coisas boas, e que graças a esse artifício conseguimos suportar o peso do passado. Gabriel Márquez.
§ A memória é a consciência inserida no tempo. Fernando Pessoa.
§ A memória é o espelho onde observamos os ausentes. Joseph Joubert.
§ A memória é o perfume da alma. George Sand.
§ Toda história começa com uma memória.
§ A memória age como a lente convergente na câmara escura: reduz todas as dimensões e produz, dessa forma, uma imagem bem mais bela do que o original. Arthur Schopenhauer.
§ Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado. Emília Viotti da Costa.
§ Um povo que preserva sua história, sua memória e seus habitantes está possibilitando diretamente a construção de um futuro para com sua gente e sua cultura. E por mais que estejamos em outro tempo (com a tecnologia de ponta, as novas mídias, a internet, era digital, etc.), um povo se torna “rico” mantendo seus traços e requintes culturais dos seus antepassados, fazendo um encontro do velho com o novo, do erudito com o popular, do local/ regional com o nacional, da literatura com os causos regionalistas, do simples com o complexo. Joelson Ramalho Rolim.
§ Preservar a memória histórica e cultural de um povo é a forma de contemplar no presente o que podemos ser no futuro. Prof. Yhulds Bueno.
§ Quando preservamos, vamos contando histórias de um tempo que permanece vivo na memória e na realidade atual. Rita Padoin.
§ Reunir documentos e dados, estudar os fatos em seu contexto, reconstruir, decifrar, interpretar e analisar o passado de indivíduos, grupos e movimentos sociais, instituições, regiões, cultura, arte, ideias e costumes, esse é o papel do Historiador. O dia 19 de agosto foi estabelecido como o Dia Nacional do Historiador em 2009 pela lei nº 12.130. A data foi escolhida em homenagem ao nascimento de Joaquim Nabuco, que nasceu no dia 19 de agosto de 1849. Nabuco foi um dos maiores abolicionistas do país, além de político, diplomata, jurista, jornalista, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e também Historiador. Parabéns a todos os Historiadores!
ODE A MEMÓRIA – ADÉLIA PRADO
A memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos.
Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade.
Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis.
Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem.
Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.
A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são escancarados de alguma maneira.
Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de você – foi o fundo musical de um amor, ou a trilha sonora de uma fossa – e mesmo que tenham se passado anos, sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações; alguma parte de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época.
Amigos verdadeiros têm a capacidade de se eternizar dentro da gente. É comum ver amigos da juventude se reencontrando depois de anos – já adultos ou até idosos – e voltando a se comportar como adolescentes bobos e imaturos.
Encontros de turma são especiais por isso, resgatam as pessoas que fomos, garotos cheios de alegria, engraçadinhos, capazes de atitudes infantis e debilóides, como éramos há 60, 50, ou 40 anos.
Descobrimos que o tempo não passa para a memória. Ela eterniza amigos, brincadeiras, apelidos.
Mesmo que por fora restem cabelos brancos, artroses e rugas.
A memória não permite que sejamos adultos perto de nossos pais. Nem eles percebem que crescemos. Seremos sempre as crianças, não importa se já temos , 60 , 70, ou 80 anos.
Pra eles, a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das estórias contadas ao cair da noite … Ainda são muito recentes, pois a memória amou, e aquilo se eternizou.
Por isso é tão difícil despedir-se de um amor ou alguém especial que por algum motivo deixou de fazer parte de nossas vidas.
Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor.
Mas aquilo que amamos tem vocação para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar de vez em quando.
Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que amamos pode ser facilmente reativado por novos gatilhos: somos traídos pelo enredo de um filme, uma música antiga, um lugar especial.
Do mesmo modo, somos memórias vivas na vida de nossos filhos, cônjuges, ex-amores, amigos, irmãos.
E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram.