2001

Altair Wagner
O Associado que entregou ao GEA o Céu Profundo

Fonte: Alfredo Martins

Altair Wagner, Associado Honorário do GEA com inscrição Nº 50 em 29 de novembro de 1991, foi um membro do Grupo de Estudos de Astronomia distinguido por uma gama de qualidades que legitimou seu status de honorabilidade e seu registro de memória. O ano de 2002 foi escolhido para esta lembrança afetiva porque nele houve grande interação de atividades entre ele e o GEA, especialmente a inauguração do Museu de Arqueologia de Lomba Alta, no Município de Alfredo Wagner / SC.

Lomba Alta, local de nascimento de Altair, foi um sítio de observações astronômicas muito importante na história do GEA por vários motivos: 1º) de estar localizado na altitude de 480 metros do nível do mar, acima dos 300 metros recomendados para excelente transparência do céu; 2º) mínima Poluição Luminosa na região, especialmente melhorada por uma providência de Altair – solicitar o desligamento da iluminação pública nas horas de observação; 3º) termos disponível um pátio pavimentado para distribuição dos telescópios e câmeras de imagens; 4º) aderência comunitária das escolas para atingirmos um objetivo primordial do GEA – a divulgação pública da astronomia, especialmente aos jovens estudantes como fonte de inspiração ao mundo encantado da ciência.

Neste sentido, várias vezes seguimos de ônibus pela BR 282 até Lomba Alta. O céu da melhor qualidade, avaliado como índice 2 na Escala de Bortle para poluição luminosa (ver galeria de fotos), nos esperava para deleite da apreciação dos objetos do Sistema Solar e do Céu Profundo, aquele além do Sistema Solar que contém as Estrelas, Aglomerados Estelares, Nebulosas e Galáxias. Nosso astro fotógrafo Geraldo não tinha do que reclamar. Estas atividades denominadas de “Festa das Estrelas” eram o êxtase do GEA, que proferia aulas para inúmeros alunos numa sala improvisada ao lado do pátio. Tudo com a supervisão de Altair Wagner, que com seu prestígio, até o prefeito do município comparecia.

Quando um evento astronômico relevante acontecia no céu, o destino do GEA já estava carimbado. Isto foi inesquecível em abril de 1997 quando da passagem histórica do Cometa Halle-Bopp (C/1995 01). Este incrível astro brilhou com 2ª magnitude, sendo visível até no céu claro crepuscular. Com certeza, foi uma verdadeira “Festa”, registrada até no maior jornal de circulação de SC, o Diário Catarinense do Grupo RBS. Estiveram presentes neste evento: Adolfo Stotz Neto, Altair Wagner, A.C. de Lucena, Alfredo Martins e Ivan L. Martins, Geraldo Mattos, Sérgio Schmiegelow, Marcos Boheme, Kay Saafeld, L. B. Dal Molin, Edna Mª Esteves e Amilton, Tânia Maris e Altino Carlos Magno.

Alfredense em todos os sentidos imagináveis, Altair Wagner honrou a memória de sua família sempre enraizada neste município. Seu avô, Alfredo Henrique Wagner, é o patrono municipal cujo nome batizou esta localidade também conhecida como Capital das Nascentes. Atento aos aspectos históricos e geográficos da região, dedicou 10 anos ao estudo arqueológico do entorno de Lomba Alta, especialmente aos remanescentes de povo originário, indígenas Xoklengs, tidos como primeiros habitantes deste belíssimo espaço territorial, mas também perigoso por suas enchentes e movimentação de encostas.

Desta imensa e cuidadosa pesquisa de campo, reconhecida no meio acadêmico, Altair consolidou seu acervo no já internacionalmente conhecido Museu de Arqueologia de Lomba Alta. Com sua perspicácia histórica, edificou o museu conforme réplica da residência do seu avô, o pioneiro, honrado e tenaz trabalhador Alfredo Henrique Wagner. Ali encontram-se centenas de itens relacionados aos artefatos líticos, petróglifos e elementos paleontológicos encontrados em cavernas e fendas da região. Um grande acervo de Numismática também pode ser apreciado no museu.

O GEA teve a honra de ser convidado para as cerimônia de inauguração deste importante museu catarinense em 20 de outubro de 2002. Os associados Antônio C. de Lucena, Alfredo Martins e Alexandre Amorim estiveram presentes nas solenidades. Também prestigiaram o museu, Adolfo Stotz Neto, Tadeu Pinheiro, Cleber Chaves, Daniel Cordeiro, Jacqueline Silva e Angela Tresinari.

Altair Wagner nasceu no dia 20 de setembro de 1930, em Lomba Alta. Faleceu em Florianópolis no dia 08 de outubro de 2021 aos 91 anos, estando sepultado em Lomba Alta, município de Alfredo Wagner, SC. Publicou os livros “E… Chapecó levantou voo” e “Alfredo Wagner – Terra- Água-Índios”. Seu obituário e referências seguem a este prólogo.

Muitas outras lembranças e elogios para Altair Wagner poderíamos aditar neste prólogo. Entretanto, nada mais significativo e digno de acrescentar do que uma referência proferida por um membro do GEA que com ele conviveu por toda sua participação no Grupo. Nas palavras do associado José Tadeu Pinheiro: “Altair tinha uma educação singular e grande respeito para com os membros do GEA”.

OBITUÁRIO DE ALTAIR WAGNER

Fonte: Blog Memória Chapecó / 9 de outubro de 2021 / Texto: Bruno Pace Dori

Faleceu no dia 8 de outubro de 2021 o ex-prefeito de Chapecó, Altair Wagner. Ele tinha 91 anos e morreu em Florianópolis. Deixou três filhos: Liliane Wagner Bragaglia, Luciano Wagner e Antônio Paulo Wagner. O corpo foi sepultado em Lomba Alta, município de Alfredo Wagner, onde ele nasceu no dia 20 de setembro de 1930.

Formado pela Escola de Engenharia da Universidade do Paraná em 1956, Altair Wagner chegou a Chapecó em 1957. Atuou como engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) de Florianópolis e de Chapecó, e Secretaria dos Negócios do Oeste. Foi presidente da Acamosc; administrador regional da Casan, em Chapecó; e diretor-presidente e o coordenador de meio-ambiente da Celesc.

Foi prefeito no período de 1973 a 1977. Durante o seu mandato, ele iniciou a pavimentação da avenida Getúlio Vargas, da Catedral Santo Antônio até o Hotel Soprano; começou as obras do aeroporto Serafim Enoss Bertaso; inaugurou o Estádio Municipal Índio Condá, em 1976, que depois foi ampliado pelo então prefeito Milton Sander, passando a ser Regional.

Também, em 1975, idealizou o Centro Esportivo, que continha uma piscina olímpica, as duas quadras de tênis, e o ginásio de bolão, atrás do ginásio Ivo Silveira (que já existia, junto com o estádio), em ocasião do XVI Jogos Abertos de Santa Catarina, realizado entre os dias 18 e 25 de outubro de 1975.

Em uma entrevista ao jornal Diário do Iguaçu, no ano de 2017, questionado como veio morar em Chapecó, Wagner respondeu: “Vim para Chapecó em 1957 porque meu pai afirmou que a cidade tinha potencial e cresceria muito. Ainda tinha um estigma da queima da igreja e muitas pessoas tinham medo de ir para a cidade. Eu era formado engenheiro e comecei a trabalhar em Chapecó, essa terra promissora que gosto muito”.
Sobre ter sido prefeito, Wagner disse que não era candidato a cargo político, mas um grupo de pessoas pediu para disputar a eleição. “Cidade é grande e será ainda maior porque as pessoas de Chapecó são batalhadoras e colaboram para o crescimento. Antes de ser prefeito eu havia trabalhado como engenheiro do DER na Secretaria do Oeste e pensava como se organizaria o desenvolvimento”.

Ele completou: “Um dia cheguei até o Serafim Bertaso e disse a ele que precisaríamos planejar uma perimetral que circundasse a cidade, com 21 quilômetros, e garantisse o futuro (a perimetral representa hoje os Contornos Viários Leste e Oeste). Na época nós imaginávamos que Chapecó chegaria aos 400 mil habitantes e, por conta disso, planejamos ações importantes”.

Sobre as obras, disse: “Entre as obras que realizamos, duplicamos o calçamento das ruas em Chapecó. Imagine que na época apenas a avenida Getúlio Vargas tinha pavimento do trecho entre a Igreja até a antiga concessionária da Ford (nas proximidades do calçadão). O pó dos dias muito secos e o barro das chuvas atrapalhava muito, então foi um avanço para a época aumentar o calçamento. Nós também começamos o asfaltamento da Getúlio contratando uma empresa de fora, porque na época não tinha ninguém na região que fizesse o serviço”.

CÂMARA LEGISLATIVA DE ALFREDO WAGNER – SC
Alfredo Wagner – A Capital das Nascentes

Alfredo H. Wagner – Patrono do Município, por Mario Sergio Kalbuch em 10/12/2018.

Alfredo Henrique Wagner viveu em Santa Tereza e Lomba Alta, marcando o município com sua honradez, espírito trabalhador e tenacidade. Em sua biografia conhecemos detalhes marcantes de sua vida.

Biografia de Alfredo H. Wagner desde texto de Altair Wagner (seu neto) em 31/07/2010:

Alfredo H. Wagner, órfão aos 5 anos, foi morar com seus padrinhos e tios Manoel Estefano Köerich e Catarina Wagner, inicialmente perto da Ponte do Maruim, bem próximo ao mar e posteriormente foram morar em Garopaba. Alfredo residiu com os tios durante 13 anos. Em 1889 com 18 anos, estava cuidando da “venda” de seus tios enquanto tomavam café, aproveitou para dar umas “espiadelas” pela fresta da janela para sua namorada que se encontrava no outro lado da rua. Não deu certo. Seus tios o observavam. Ao retornarem mandaram Alfredo tomar café e o advertiram que depois iriam conversar. E esta conversa transformou-se em uma surra. Já havia sido advertido de que não podia namorar aquela moça.

Era o ano da Proclamação da República. Seriam adversários políticos? Republicanos? Monarquistas?

Vovô fugiu de Garopaba e retornou a pé até Sertão do Maruim, percorrendo 65 km passando por Paulo Lopes, Enseado de Brito e São José. Tia Catarina, alguns dias após, veio ao Sertão de Maruim, tentando levá-lo de volta. Alfredo não quis retornar a cada dos tios. Aprendeu a profissão de sapateiro.

Em 1890, com a notícia da formação de “burgos” agrícolas, que previa para o 5º Distrito, formado por Quebra-Dentes, Lessa e Rio Adaga, 85 famílias num total de 411 pessoas. O 2º Distrito formado por Caeté, Águas Frias e Lomba Alta previa 89 famílias, num total de 438 pessoas e o 3º Distrito formado pelos Rios Jararaca, Engano e Itajaí com 150 famílias e uma população de 763 pessoas. Sem dúvida a notícia da criação de “Burgos” e a importância da Colônia Militar de Santa Tereza influenciou Alfredo Henrique Wagner aos 21 anos, se mudar do Sertão do Maruim para a Colônia Militar de Santa Tereza. Em 1892 seguiu a pé com 400 réis no bolso e uma gaiola com um sabiá preto.

Deixou sua namorada Julia Freiberger, filha de Pedro e Felisbina Freiberg, em São Pedro de Alcântara. Em Santa Tereza trabalhou como sapateiro e escrivão do posto fiscal.

Conseguiu em menos de três anos condições financeiras para o seu casamento, que se realizou em 30/07/1895. Alfredo e Julia tiveram 11 filhos, dois dos quais Ernesto e Maria faleceram pequenos em 1897 e 1900 respectivamente. Residiu Alfredo em Santa Tereza até 1904, portanto por 12 anos, quando então se lançou a uma nova aventura.

Nesta época, 1904, foi aberto o picadão que ligava Barracão (hoje Alfredo Wagner) à Bom Retiro, passando por Lomba Alta, tornando-se assim local de maior movimento de cargueiros e tropas de gado.

Então aos 33 anos, Alfredo veio para Lomba Alta, deixando sua família em Santa Teresa. Instalou-se à margem do Picadão em um Rancho coberto com lona sob um Cedro.

Com trabalho e sacrifício conseguiu melhor condição de moradia e em dezembro de 1906 trouxe Dona Lúlia e cinco dos 7 filhos para Lomba Alta e aí mais 4 filhos nasceram.

A partir de 1909 com a estrada um pouco melhor passou a transportar tropas e mercadorias entre São José e Lages. Mais tarde passou a utilizar carretas com 5 animais.
Cada filho homem ao atingir a maioridade, recebia uma carroça com 5 animais e passavam a trabalhar e ganhar para si, embora permanecessem usufruindo da casa dos pais.

No começo da década de 1930, instalou uma serraria, pois ao fazer derrubadas de mato para roças, não era possível queimar ou deixar apodrecer tão nobre madeira, a araucária.

Passou também a dedicar-se à agricultura. Fazia plantações a mais de 3 km de sua residência. Na Serra de São João, a qual chamávamos serra do vovô. É inesquecível quando criança vermos o vovô a cavalo, puxando um fila de 5 a 8 animais amarrados os cabrestos à crina da cauda de dada anima, transportando o produto das roças para Lomba alta.

Pouco mais tarde com a estrada vicinal, já em melhor condição, ao longe ouvíamos o ranger do carro de boi. Lá vinha ele, saíamos para a frente da casa para pedir a bênção do vovô. Ele respondia Deus te abençoe. Sorrindo e abanando a mão, prosseguia em seu trajeto.

Quando já idoso, não conseguindo manter limpa sua plantação de aipim próximo à casa, papai mandou-me junto a outros primos capinarmos a lavoura. La estava o seu Alfredo acompanhando o trabalho.

Eu já era fumante e lá pelas tantas me afastei para fumar na “privada” distante 100 metros. Quando ia voltando, veio me encontrar sorrindo e dizendo: pode fumar aqui mesmo. Mais tarde já enfermo, seus netos o visitavam constantemente. Tinha ele uma afeição muito grande para com os filhos de seus filhos. Sempre dizia que seus pinheiros eram para os netos.

Em 12/05/1951 estava eu estudando em Curitiba quando recebi um telegrama de meu pai informando a morte de vovô. Como no telegrama as palavras não são acentuadas e que a vovó Júlia estava sempre com boa saúde, imaginei a morte do vovô Alfredo. Rezei por ele e escrevi uma carta para meus pais referindo-me ao falecimento dele. Na realidade foi Dona Júlia que morreu. Alguns dias após entramos em férias e retornei à Lomba Alta. E lá já esclarecido fui visitá-lo. Estava na frente da casa e me recebeu chorando e disse “pensavas que eu tinha morrido…”

Alfredo Henrique Wagner foi um homem simples, trabalhador, honesto, bom que viveu na área do atual município de Alfredo Wagner por 60 anos.

Uma curiosidade – cada um dos filhos recebia, como dote para iniciar a vida, quando completavam 21 anos – uma carroça com 5 animais.

Eram eles:
– Olíbio Leandro Wagner (Pai de Altair Wagner)
– Alfredo Wagner Junior
– Tobias Isidoro Wagner
– José Maria Wagner
– Celso Marino Wagner
– Ernesto Wagner

As filhas eram:
– Petronilha Wagner
– Alvina Wagner
– Vergulina Wagner
– Roa Emília Wagner
– Maria Julia Wagner.

Altair Wagner

Fonte: Jornal Capital das Nascentes

MUSEU DE ARQUEOLÓGIA DE LOMBA ALTA / ALFREDO WAGNER / SC

Fonte: Entre ‘estruturas e pontas’: o contexto arqueológico do Alto Vale do Itajaí do Sul e o povoamento do Brasil meridional; Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, vol. 13, núm. 3, 2018.

Lucas Bond Reis – UFSC, Brasil; The University of Arizona, USA; Fernando Silva de Almeida – UFSC, Brasil; Lucas Reis Bueno – The University of Arizona, USA

HISTÓRICO DAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS (trecho da publicação):

Poucas foram as atividades sistemáticas de pesquisa arqueológica realizadas nessa porção da serra catarinense, há, no entanto, mais de cem sítios arqueológicos identificados nessa área. Essa amostra é resultado de estudos pontuais, realizados principalmente ao longo da segunda metade do século XX, mas se deve, sobretudo, a informações coletadas pelo Sr. Altair Wagner, morador da região, interessado pela preservação e pela promoção do patrimônio arqueológico local (Wagner, 2002)

Desde o início da década de 1990, o engenheiro Wagner (2002) efetuou um amplo levantamento arqueológico em Alfredo Wagner, visando identificar e listar vestígios descobertos por moradores, bem como realizou uma atividade de conscientização acerca da preservação do patrimônio arqueológico junto à comunidade. Como resultado, o pesquisador publicou uma lista contendo informações sobre 160 possíveis sítios arqueológicos3, entre os quais constam galerias subterrâneas (06), abrigos sob rochas (54), ‘manchas pretas’ (60) e ‘casas subterrâneas’.

As atividades desenvolvidas por Wagner (2002) resultaram também na fundação do Museu de Arqueologia de Lomba Alta. Centenas de pontas de projétil e de artefatos lascados, polidos e picotados compõem a maior parte do acervo deste museu. Em meio aos artefatos expostos, um chama a atenção, por ocasião da sua excepcionalidade: um zoólito esculpido no formato de baleia, que foi localizado em Campinho, no interior do município. Há, ainda, uma coleção de remanescentes ósseos humanos, coletados em abrigos sob rochas situados em Alfredo Wagner, e fragmento cerâmico com decoração corrugada – característica de grupos Guarani –, também coletado no município. Recentemente, a instituição recebeu doação de centenas de fragmentos cerâmicos Guarani, coletados no litoral catarinense por Guilherme Tiburtius.

MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE LOMBA ALTA

Fonte: Jornal Capital das Nascentes / Klaibson R. Borges

Visitei o Museu de Arqueologia de Lomba Alta muitas vezes. Em cada visita, mais aprendo. Organizado e mantido pela Fundação Alfredo Henrique Wagner, o Museu tem acervo riquíssimo em peças abrangendo diversos períodos históricos.

Altair Wagner, pesquisador e idealizador do Museu após 10 anos de pesquisas no Município, conseguiu artefatos, fósseis, peças geológicas e ecológicas que viabilizou a construção do Museu (réplica da residência de Alfredo H. Wagner, seu avô); posteriormente foi construída a parte nova do museu que abriga os setores de paleontologia, geologia, ecologia, antropologia e numismática.

Maria Rufina Cunha é a responsável pela organização e catalogação das peças, além de receber os visitantes e acompanhá-los pelas salas do Museu.

ONDE FICA: Estrada Geral Lomba Alta – Lomba Alta, Alfredo Wagner – SC; CEP 88450-000
104km de Florianópolis;
Fácil acesso pela Br 282.
Coordenadas GPS: 27° 41 ’11, 69′ Sul; 49° 20′ 15, 18′ 0este

QUEM FUNDOU ALFREDO WAGNER?

Fonte: Jornal das Nascentes

Oficialmente o Município de Alfredo Wagner nasceu em 21 de Dezembro de 1961 e foram responsáveis diretos pela sua criação os Vereadores que na época exerciam seus mandatos e os Deputados Estaduais que aprovaram na Assembleia Legislativa o nome e limites, desmembrando de Bom Retiro.

Um fato curioso: Alfredo Wagner é o único município brasileiro (apontem algum outro, pois desconheço) que não leva a sério a data de sua fundação e não a comemora. Todo ano, os prefeitos adiam ou adiantam a data, para que possa ser prolongado os feriados de fim de ano. Apenas foi comemorado o aniversário de 50 anos com grande pompa, mas fora esta comemoração extraordinária, os alfredenses fazem questão de não realizar comemoração alguma.

A pesquisa realizada pelo site do Jornal Capital das Nascentes – Sou da Serra trouxe um resultado que demonstra a dificuldade dos alfredenses em afirmar quem foi o fundador do município. Quem teria sido o primeiro a definir que nos limites territoriais de Alfredo Wagner faria morada, dando o pontapé inicial de nossa História?

A fundação de Alfredo Wagner se deu em 1961. Porém, para que isso fosse possível, muita coisa aconteceu. Nossa pesquisa trouxe o resultado que apresentamos na foto. Vamos então falar de cada uma das opções da pesquisa que foram: Dom Pedro II, Duque de Caxias, Alfredo Henrique Wagner, Brasileiros e Imigrantes e, por último, os Xoklengs.

Os Xoklengs

Uma das características das tribos indígenas em geral, é sua mobilidade. Os Xoklengs viviam errantes pelas terras catarinenses. Sua parada em Alfredo Wagner era apenas para abastecimento e nunca prolongada. Tendo conhecimento profundo da natureza, os índios sabiam que nosso município oferecia condições de vida inclementes com frequentes enchentes, desmoronamentos etc. Uma prova disso é a falta de sepulturas indígenas na região. Os abrigos provisórios eram sempre feitos em lugares altos e seguros, bem longe da água.

Outra característica importante é a falta do conceito de propriedade do solo e a falta de escrita. Sendo exploradores no amplo sentido da palavra, os Xoklengs usavam uma terra até esgotá-la, seguindo depois em direção a outra. Os recursos naturais, sejam em frutas e animais (esta etnia não comia peixe… tinha medo da água e a evitavam) eram explorados até o seu esgotamento. Não havia, portanto, o porquê ter a posse de algo que só seria usada em futuro próximo ou remoto. Sem escrita de qualquer natureza, não tinham como registrar essa posse para que outras tribos não invadissem.

Portanto, apesar de terem sido os primeiros humanos a pisar em solo alfredense, os Xoklengs não foram os fundadores do município.

Dom Pedro II

O Império tinha todo interesse em colonizar esta região. Dom Pedro II chegou muito perto de Alfredo Wagner… Visitou Santo Amaro da Imperatriz numa época em que o município de São José abrangia toda esta região. Chegou mesmo a sancionar um decreto fundando a Colônia Militar Santa Thereza nos moldes de outra semelhante fundada no Maranhão. Mas também não foi Dom Pedro II, o fundador do município. Dom Pedro II viu a necessidade de proteger cidadãos brasileiros que já estavam atravessando a região inóspita entre duas grandes montanhas, tentando ligar Serra e Litoral.

Duque de Caxias

Este grande brasileiro, Herói do nosso Exército, teve um importante papel no desenvolvimento dos primórdios da existência de Alfredo Wagner. Quando do fim da Guerra do Paraguai, Duque de Caxias destinou verbas para a Colônia Militar Santa Thereza e para cá dirigiu soldados e suas famílias. Mulheres que acompanhavam os militares durante a guerra também receberam apoio financeiro para se deslocarem para a Colônia. Apesar de todo este apoio ele também não pode ser considerado o fundador de Alfredo Wagner.

Alfredo Henrique Wagner

Já publicamos a biografia deste grande Alfredense, mas a admiração de seus conterrâneos cresce a medida que novas descobertas são realizadas sobre a personalidade e vida de Alfredo Henrique Wagner.

Alfredo Wagner tinha muito em sua formação da cultura do imigrante alemão, de seus antepassados. Distinguia as pessoas pela capacidade de trabalhar, seriedade, justiça e honra, nada mais. Era obstinado mediante objetivos traçados. Tinha portanto o espírito dos pioneiros”. 

Com estas palavras Angelina Wittmann define a personalidade de Alfredo Henrique Wagner em artigo recentemente publicado em seu blog.

7 dos 11 filhos de Alfredo Wagner nasceram na Colônia Militar Santa Thereza. Ali viveu, trabalhou e formou sua família. Quando novo caminho para a cidade de Lages foi aberto através do Rio Águas Frias, ele percebeu a oportunidade de adquirir terras na Lomba Alta e ali montar um entreposto pois seria parada obrigatória para quem subisse ou descesse a Serra.

O primeiro brasileiro ou imigrante que pisou em nossas terras e disse para si ou para outros: “é aqui que vou viver”, não teve seu nome registrado em nenhum livro ou jornal, mas foi o primeiro que abriu as portas deste município rico e exuberante. Depois dele, centenas, milhares de outros fizeram sua morada neste chão. Muitos aqui foram enterrados, misturando seu corpo com nosso solo, ou deixaram sua descendência e criando este povo maravilhoso e inteligente. Estes são, portanto, os fundadores de Alfredo Wagner, a Capital Catarinense das Nascentes.

MEMÓRIA VISUAL:
OBSERVAÇÃO DO COMETA HALE-BOOP EM LOMBA ALTA /
ALFREDO WAGNER

GALERIA DE FOTOS:
INAUGURAÇÃO DO MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE LOMBA ALTA / ALFREDO WAGNER

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