Astroblema é uma cicatriz deixada na superfície da Terra por uma Cratera de Impacto antiga, após modificação por processos erosivos. Eles têm geralmente dimensões de até dezenas de quilômetros, contendo em seu interior rochas intensamente modificadas por metamorfismo de impacto (ou de choque). A origem do termo vem da junção de duas palavras gregas astron (de astro) e blema (cicatriz).
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Os astroblemas são estruturas formadas quando um planeta ou satélite é atingido por grandes meteoritos. As observações mostram que não só a Terra e a Lua, mas também todos os Corpos do Sistema Solar, foram bombardeados intensamente por meteoritos gigantescos durante a sua história, deixando nas suas superfícies cicatrizes desses eventos: as crateras de impactos de variados tamanhos. Conforme o site Meteoritos Brasil, segue:

O Planeta Terra foi tão bombardeado quanto a Lua, porém as crateras são continuamente apagadas pela erosão, vulcanismo e atividades tectônicas. Descoberta há um século, a cratera do Arizona, ou Barringer, foi a primeira cratera a ser reconhecida como meteorítica na Terra. Cerca de 120 crateras meteoríticas são conhecidas em toda superfície terrestre, a maioria delas localizadas em terrenos geologicamente estáveis.

Por muitos anos se pensou que as crateras meteoríticas estavam diretamente associadas a descoberta de fragmentos meteoríticos que comprovassem a sua origem. Hoje, sabemos que na formação de crateras maiores nenhum fragmento sobrevive intacto. Nesses eventos massivos, causados por enormes meteoritos, a pressão e a temperatura geradas pela onda de choque é extremamente alta, vaporizando completamente o meteorito e o solo, formando uma mistura com a rocha alvo e, após muitos milhares de anos, qualquer componente meteorítico detectável já se erodiu.

O Estado de Santa Catarina, BR, apresenta em seu território um importante registro destes eventos. Localizado no seu oeste (26º50`S, 52º10`W), o Domo do Vargeão, com diâmetro de 12 km, apresenta morfologia de depressão de forma circular com elevação central e desníveis máximos entre a borda e o centro que atingem 200m.

A origem do nome do Município de “Vargeão” faz menção à “Grande Várzea” em que se localiza a cidade, sendo essa cratera uma das oito existentes no Brasil e que foram abertas por fragmentos de meteoro. Com o choque, milhares de toneladas de rochas foram derretidas e pulverizadas, transformando-se em arenito. A formação, denominada pelos geólogos como “Domo de Vargeão”, é constituída por uma depressão topográfica de cerca de 150 metros, sendo a parte central da estrutura um depósito de arenito, utilizado na construção civil. No entanto, estudos recentes comprovam sua utilidade em tratamentos estéticos, terapêuticos e medicinais, que já vem sendo levemente explorado economicamente. A geologia local indica que as formações rochosas do Arenito Botucatu, que deveriam estar a 700 metros de profundidade no solo, afloraram na superfície por ocasião do impacto cuja datação é estimada como no máximo 60 ou 50 milhões de anos.

No saff GEA, o membro da diretoria – Marcos Boheme – é o nosso especialista em astroblemas. Suas várias e muito bem documentadas palestras sobre este tema serviram de estímulo para conhecermos “in loco” um famoso destes registros topográficos justamente existente em nosso Estado. O relatório é o que segue:

Em janeiro de 2011 os associados do GEA Alfredo Martins e Jacqueline Silva empreenderam uma viagem do tipo astroturismo para conhecer este importante Astroblema do Brasil – O Domo de Vargeão. Desde Florianópolis, via BR-282, a distância de 485 km até sítio de destino teve duração em torno de 8:00 h. Naquela altura, Vargeão não contava com hotéis e a hospedagem foi no município vizinho de Faxinal dos Guedes. De toda sorte, a cidade de Vargeão se apresentou muito calma, sinalizada e com povo acolhedor de descendência italiana. Numa localidade mais propícia para visualizar a topografia da cratera existe um Mirante em forma de torre, excelente para ver no horizonte a borda circular do material ejetado no impacto. Em direção a elevação central, chega-se ao afloramento do material metamórfico vaporizado, atualmente um solo arenoso de grânulos extremamente finos (0,05 ~ 0,42 mm de diâmetro), de cor amarela clara, de textura suave e macia. Em região alagada, o arenito forma uma pasta cremosa muito agradável ao tato e dita como tendo propriedades medicinais. Isto resultou na exploração comercial para fins cosméticos e da construção civil. Seus componentes químicos são: Sílica, Alumínio, Cálcio, Ferro, Magnésio, Potássio, Sódio, Zinco e Cobre. Várias amostras foram recolhidas e compartilhadas com o GEA.

De maneira evidente, o Domo de Vargeão é um destino altamente recomendado para diversos fins: Estar numa comunidade acolhedora do interior; ter a experiência da gastronomia italiana nativa; sentir a leveza da atmosfera na altitude de 1.000 m; constatar “in loco” um evento cósmico / astronômico grandioso e peculiar; ter a noção da escala de dezenas de milhões de anos nas próprias mãos, ainda mais sentindo, já agora, a suavidade que restou deste evento catastrófico mas fundamental para a evolução da vida na Terra; e ainda, aproveitar este roteiro extenso para conhecer outras cidades maravilhosas de nosso Estado, como por exemplo, Treze Tílias, um mimo germânico com tudo que há de bom nesta grandiosa cultura.