Da data de 03 de novembro de 1994, podemos afirmar com toda certeza: O universo conspirou ao nosso favor. Foram muitos e históricos acontecimentos os quais culminaram com o estabelecimento da “Maioridade do GEA em Astronomia”. Desde seu nascimento em 02 de dezembro de 1985, testemunhado pela última passagem periélica do Cometa 1P/Halley, e GEA rapidamente alcançou seu status nacional e, nesta ocasião, internacional. Este evento já foi recorrentemente lembrado na história do GEA e seus associados com certeza guardam com detalhes este acontecimento. Portanto, vamos pontuar alguns tópicos para o registro desta mais que relevante efeméride para o sempre será celebrada.

Os Eclipses Totais do Sol são raros para uma mesma localidade. O próximo no Brasil será em 12 de agosto de 2045, visível no norte do país. Sendo eles um espetáculo celeste muito divulgado, milhares e até milhões de pessoas podem estar no seu trajeto e dispostas a observá-lo. Vem daí a necessidade de uma grande campanha de esclarecimentos a população para os cuidados com a visão, a fim de evitar lesões da retina. Jamais deve-se olhar diretamente ao Sol. Neste sentido, o GEA participou do grandioso “Projeto Eclipse”, que envolveu divulgação em TV (RBS-SC), jornais (Diário Catarinense e JSC), rádios (Atlântida, Diário, Itapema), contando também com importante colaboração da UFSC / Planetário. No trajeto da totalidade – Chapecó, Lages, Criciúma, houve reforço das informações. O GEA esteve em Chapecó e Criciúma, com grande audiência, e em diversas programações em Florianópolis sendo a mais importante àquela no auditório do CIC – Centro Integrado de Cultura. Além disto, um excelente vídeo de divulgação foi produzido em parceria com o Projeto LARUS / UFSC. Nesta etapa preparatória para o “Eclipse do Século”, o GEA já teve contato com o renomado astrônomo nacional Oscar Matsuura, presidente da Comissão Executiva do Eclipse 1994, responsável pela coordenação das equipes de observação nacionais e internacionais. Outro importante astrônomo ao qual tivemos a honra de conhecer foi R. Boczko, autor do utilíssimo livro “Conceitos de Astronomia”.

O local escolhido pelo GEA para observação na faixa de totalidade foi a Fazenda Ciclone, no município de Lages, sugestão feita por nosso associado Luiz B. Dal Molin. Os associados José Tadeu Pinheiro e Newton Tesserolli iriam para região de Laguna, garantindo o registro em caso de céu encoberto em dado local. Uma cuidadosa organização foi elaborada. Para nossa alegria, novos membros desta jornada fizeram adesão. Por iniciativa da astrônoma amadora Helga Szmuk, integraram a caravana o astrônomo mundialmente conhecido John Dobson, integrante d o Grupo Sidewalk Astronomers / Califórnia, o astrônomo profissional húngaro Attila Mizsér e seus dois colegas, Annamária Balla e Györg Montvai. Estes contatos estabeleceram vínculos internacionais com o GEA, mantendo correspondências por longo período. Attila Mizser publicou sua experiência na Hungarian Astronomical Association / Budapeste, onde citou a colaboração do GEA.

Para fazenda Ciclone, foram: Adolfo Stotz Neto e esposa, Geraldo Mattos e esposa, Alfredo Martins e família, Edna Maria e família, Luiz Beltrame Dal Molin e família, Antônio C. Lucena e família, Angelita Pereira, Carlos Magno, Avelino Alcebíades Alves, Paulo Duarte e família , Marcos Boheme, Sérgio Schmiegelow, John Dobson e seu filho, Helga Szmuk, Attila Mizser e seus dois amigos, Ao todo foram mais de 40 pessoas.

O local era realmente espetacular. Excelentes acomodações, culinária saborosa e uma colina excelente para um campo de visão de 360º. A noite da véspera nos presenteou com um majestoso céu estrelado, repleto de constelações e asterismos do céu profundo do hemisfério celeste sul. O astrônomo húngaro Attila ficou extasiado, e nós não por menos.

O dia do tão esperado iniciou com ansiedade e preocupação com a presença de nuvens. Por volta de 10:45 h, início do eclipse, o céu limpou e o grande espetáculo seguiu seu curso. Sérgio, Geraldo e Attila fizeram registros fantásticos. A maioria do grupo esperou na colina a chegada dos 4 minutos de totalidade, A chegada da escuridão, já agora permitido olhar à vista desarmada o “Sol Negro”, rodeado por uma belíssima Coroa Solar, foi um momento de êxtase poucas vezes experimentado. O mais se ouvia eram gritos de exclamação numa felicidade incontida. Foi um inigualável presente da natureza proporcionado pelo astro rei, o Sol, e sua consorte, a Lua. Uma grande confraternização foi seguida de atendimento à imprensa onde ficou cunhada a inesquecível declaração de John Dobson : “The corona is blue”.

Celebrar sempre. Passados 30 anos, parece que foi ontem. Parabéns ao GEA, seu staff e associados, aos parceiros deste maravilhoso evento do céu da realidade que adicionou maturidade e qualidade a esta longa existência do Grupo de Estudos de Astronomia / Planetário UFSC.