Dicas para quem vai adquirir o seu primeiro equipamento
Para observar o céu
Muitas pessoas, quando ouvem falar de Astronomia, estrelas, planetas, constelações, cometas, eclipses e chuvas de meteoros, suspiram e pensam: puxa, pena que não sei nada sobre isso, nem mesmo sou capaz de acompanhar nada disto. A astronomia é algo completamente inacessível para mim. Pois bem, a verdade é que a maioria dos objetos celestes são acessíveis.
E como devo começar ?
As pessoas que resolvem começar a observar o céu, geralmente acham que devem começar logo com um telescópio, de preferência o maior possível. A verdade é bem diferente: é melhor começar com seus próprios olhos e com uma carta celeste.
(Binóculos e telescópios para observadores do céu – Alan M. Mac Robert)
1. Introdução
Muitas pessoas interessadas em Astronomia conhecem um pouco do assunto por livros, mas jamais pensaram que podem realmente observar corpos celestes, porque pensam que isso fosse possível apenas pelos cientistas.
2. Começando com binóculos
Binóculos são os melhores instrumentos para começar porque são simples de se usar. Um binóculo não inverte as imagens como os telescópios, e observa uma grande área do céu ao mesmo tempo, tornando fácil de achar o que se procura observar. Bons binóculos revelam muitas coisas que as pessoas pensam que exigem um telescópio, como crateras, montanhas e planícies da Lua, planetas, estrelas duplas e variáveis, aglomerados estelares, nebulosas e galáxias.
O conhecimento ganho sobre observação do céu e capacidade de leitura de mapas celestes. Os binóculos são muito mais baratos que um telescópio, e muito mais fáceis de carregar e guardar. De fato, um bom binóculo proporciona um grande ganho.
2.1 Iniciando.
O maior problema com os binóculos é segurá-los sem que tremam em suas mãos.
2.2 Escolhendo seu binóculo
Qualquer instrumento ótico ajudará a observar o céu melhor do que apenas o olho nu, e qualquer binóculo, mesmo pequeno, já é de grande ajuda para iniciar a observação do céu. Mas alguns tipos de binóculo são melhores que outros. A variedade de tipos e modelos no mercado é enorme. O tipo básico de binoculo é o de prisma.
Poder de aumento. Todo binóculo possui dois números gravados, como 8×50, por exemplo. O primeiro número é o poder de aumento. O segundo é o diâmetro da lente objetiva (frontal) em milímetros. Normalmente, os iniciantes acham que os binóculos que proporcionam maior aumento são os melhores o que não é verdade.
3. Escolhendo seu telescópio
Cedo ou tarde, todo astrônomo amador iniciante enfrenta um momento de decisão: devo comprar um telescópio? Como fazer?
Este é provavelmente o passo mais crítico que você pode fazer quanto a este hobby. Escolha bem, e o telescópio lhe abrirá uma era de noites agradáveis explorando o céu. Escolha mal, e o telescópio lhe trará frustração e desilusão, sendo eventualmente vendido nos classificados de jornal, como “em excelentes condições, pouco usado”.
Como tomar a decisão certa? Isto depende mais de você do que do telescópio. Se você mora em um apartamento no centro de uma cidade grande ou se você mora em uma fazenda em uma cidade da periferia, se você prefere observar estrelas e planetas, ou se você prefere observar galáxias, o dinheiro que você pode ou quer gastar, o peso que você pode levantar, a sua experiência em observar o céu, o tempo que você tem para gastar com este hobby, tudo isto conta.
A característica mais importante de qualquer telescópio é a abertura. A abertura é o diâmetro da lente principal ou do espelho principal (depende do tipo de telescópio), o qual é igual à largura do tubo do telescópio. É a abertura que determina o brilho e a definição de qualquer coisa que você observar. Geralmente, as pessoas pensam que a magnificação, ou poder de aumento, é o mais importante em um telescópio, o que está errado. O poder de aumento depende da ocular que você coloca no telescópio.
Uma ocular é a pequena lente removível, pela qual você olha ao telescópio. A maioria dos telescópios vem com muitas oculares, e podem ser compradas separadamente. Você pode utilizar, em um pequeno telescópio de 60 milímetros. Em todo caso, os menores aumentos são mais fáceis de usar e proporcionam as observações mais interessantes.
Assim, como a abertura do telescópio é tão importante, você pode pensar que a escolha de um telescópio é fácil; é só escolher o de maior abertura que puder comprar. Mas as coisas não são assim tão simples. Se um telescópio é tão grande que é difícil transportá-lo para um local adequado, e se é complicado e demorado para montá-lo, ele raramente será usado. Talvez, com um telescópio pequeno, você acabe observando mais coisas do que com um telescópio grande. Mesmo para telescópios de mesma abertura, alguns designs são mais portáteis, alguns proporcionam imagens mais definidas, e outros são mais econômicos.
3.1 Tipos de telescópios
Existem três tipos básicos de telescópios: o refrator, o refletor e o catadióptrico. Cada um tem suas forças e fraquezas, as quais deverão se adaptar ao seu estilo de vida e interesses de observação.
I – Refratores são telescópios com tubos longos e relativamente finos, com uma lente objetiva na frente, que coleta e focaliza a luz. Os telescópios refratores disponíveis no mercado podem variar desde os de boa qualidade até os muito ruins. Os telescópios disponíveis em lojas de departamentos geralmente são os piores, com péssima qualidade ótica e montagem tão ruim que dificilmente um deles consegue apontar para alguma coisa com precisão. Nesse caso, seria melhor investir em um binóculo de boa qualidade. No entanto, também é possível encontrar telescópios de boa qualidade no mercado, desde que armado de uma certa persistência.
Vantagens – os refratores são mais resistentes, precisam de pouca ou nenhuma manutenção, e seus tubos são selados, o que evita poeira e correntes de ar internas. Se as lentes forem de boa qualidade, proporcionarão imagens definidas e de alto contraste, o que é especialmente desejável para a Lua e os planetas.
Desvantagens – Em geral, os refratores possuem pequena abertura, tipicamente entre 6 e 10 centímetros. Para muitos propósitos astronômicos, isso é muito pouco. Os objetos escuros, como galáxias e nebulosas, aparecerão muito fracos, se você for capaz de detectá-los. O refrator inverte a imagem da esquerda para a direita, tornando difícil compará-la com os mapas celestes. E telescópios refratores custam mais, por centímetro de abertura, do que os outros tipos de telescópio.
II – Refletores usam um espelho grande e curvado, ao invés de lentes, para colher e focar a luz. Você observa a imagem obtida através de uma ocular colocada em um lado do tubo próximo ao topo. O design mais popular para este tipo de telescópio é o Newtoniano.
Vantagens – é o telescópio mais barato por centímetro de abertura. É simples o suficiente para ser construído em casa. Como contém dois espelhos, a imagem que proporciona não é invertida. Este telescópio possibilita a adoção de montagem mais estável.
Desvantagens – refletores requerem mais cuidado e manutenção. O tubo é aberto para o exterior, possibilitando acúmulo de poeira nos espelhos. Os espelhos necessitam de ajustamentos ocasionais, para que sejam mantidos em alinhamento perfeito, em um procedimento simples mas um pouco tedioso. Durante as observações, correntes de ar dentro do tubo (que é aberto) até que a temperatura de dentro do tubo se iguale à do ar circundante.
III – Catadioptricos ou telescópios compostos utilizam lentes e espelhos ao mesmo tempo. O design mais popular para este telescópio é o Schmidt-Cassegrain.
Vantagens – o design do Schmidt-Cassegrain proporciona uma portabilidade e conveniência muito maior que qualquer outro telescópio, para aberturas maiores (ou seja, um refletor ou refrator de mesma abertura é bem maior, mais pesado e delicado).
Desvantagens – a imagem formada por um Schmidt-Cassegrain nunca parecerá tão definida quanto a formada por um bom refletor com a mesma abertura, especialmente quando se observa planetas. Seu custo é maior do que o de um refletor da mesma abertura. Um espelho de ângulo reto geralmente é usado para proporcionar mais conforto para a observação, e isto significa que a imagem é invertida da esquerda para a direita, como num espelho.
Abertura (mm) | Magnitude limite | Resolução (segundos de arco) | Maior aumento útil |
60 | 11,6 | 2,0 | 120x |
80 | 12,2 | 1,5 | 160x |
100 | 12,7 | 1,2 | 200x |
125 | 13,2 | 1,0 | 250x |
150 | 13,6 | 0,8 | 300x |
200 | 14,2 | 0,6 | 400x |
250 | 14,7 | 0,5 | 500x |
320 | 15,2 | 0,4 | 600x |
355 | 15,4 | (0,33) | (600x) |
400 | 15,7 | (0,30) | (600x) |
445 | 15,9 | (0,27) | (600x) |
Atenção: a interferência da atmosfera da Terra impede que se obtenha boas observações com aumento de imagem superior a 600 vezes, e compromete a obtenção de aumento na resolução.
Abertura – diâmetro da lente ou espelho principal do telescópio, em milímetros.
Magnitude limite – magnitude da estrela mais escura que o telescópio é capaz de mostrar.
Resolução – é o menor ângulo no céu que o telescópio é capaz de distinguir.
Maior aumento útil – maior poder de aumento ou ampliação que o telescópio é capaz de dar.
3.2 Montagens
Um bom telescópio perde muito das suas qualidades se não possui uma boa montagem. Pequenas imperfeições serão transformadas em um terremoto com qualquer aumento que você utilizar.
Existem duas montagens telescópicas básicas: a equatorial e a altazimutal.
A montagem equatorial é desenhada para que você possa acompanhar o movimento das estrelas com facilidade. Caso o telescópio seja apontado para uma certa estrela, e permanecer parado, a estrela “sairá” do campo de visão da ocular em um minuto ou menos, graças ao movimento de rotação da Terra. Algumas montagens equatoriais vêm acompanhadas de um motorzinho, para seguir o movimentos das estrelas automaticamente. No entanto, esta montagem precisa sempre ser alinhada com o pólo celeste no início de cada sessão de observação para que tudo funcione adequadamente.
A montagem altazimutal permite que o telescópio seja movimentado para cima e para baixo com um controle, e para os lados, com outro. Para acompanhar o movimento de uma estrela no céu, é necessário manipular os dois controles ao mesmo tempo. Um tipo de montagem altazimutal que é simples, leve e barata é a dobsoniana, adequada para telescópios refletores de grandes dimensões.
Marca | Abertura | Tipo | Montagem | Preço |
Orion | 2,4 | Refrator | Altazimutal | 200 |
Meade | 2,4 | Refrator | Equatorial alemã | 280 |
Celestron | 3,1 | Refrator | Altazimutal | 550 |
Tasco | 3,1 | Refrator | Equatorial alemã | 600 |
Meade | 4 | Schmitt-Cassegrain | Equatorial em forca | 800 |
Celestron | 4 | Refrator | Equatorial alemã | 1250 |
Meade | 4,5 | Refletor | Equatorial alemã | 380 |
Tasco | 4,5 | Refletor | Equatorial alemã | 450 |
Celestron | 4,5 | Refletor | Equatorial alemã | 550 |
Celestron | 6 | Refletor | Equatorial alemã | 900 |
Meade | 8 | Refletor | Equatorial alemã | 800 |
Meade | 8 | Schmitt-Cassegrain | Equatorial em forca | 1150 |
Celestron | 8 | Schmitt-Cassegrain | Equatorial em forca | 1800 |
Parks | 8 | Refletor | Equatorial alemã | 2200 |
Meade | 10 | Refletor | Equatorial alemã | 800 |
Coulter | 17,5 | Refletor | Dobsoniana | 1150 |